sábado, 7 de agosto de 2010

Realidade da Inclusão Escolar em Bauru hoje Parte II

Olá Queridos


Hoje vim pra falar do outro lado da realidade da inclusão escolar em Bauru (Ver aqui a parte 1.) Desta vez, vim para falar o que "está dando certo". Devo isso aos meus leitores.

Devemos sim valorizar o que há de bom nessa "novidade" (que já não é tão nova assim)

BRINQUEDOTECA INCLUSIVA EM UMA CRECHE CONVENIADA COM A PREFEITURA DE BAURU


Estive ontem na inauguração de uma brinquedoteca inclusiva na Instituição Bom Samaritano (creche que atende 100 crianças das 7:30 às 17 horas diariamente.
Creche onde trabalhei no ano passado e deixei para poder assumir o cargo que eu estava esperando na prefeitura (na minha praia - Ed. Especial)

Muitas lutas, diante da transição obrigatória (assistencialismo versus educação), muitos sonhos, muitas, sementes, muitos amigos, muito carinho e muito trabalho para que a creche acompanhe a demanda educacional, bem como o ritmo acelerado da nova sociedade.

Hoje a creche está com uma nova cara, o vice-presidente e presidente, estão empenhados em melhorar cada vez mais o atendimento naquele local, e vemos que a participação da nova coordenadora tem contribuído de forma eficaz nessa melhoria. (Quietinha hein?) rsrsrs

Desde o ano passado, a instituição recebe o apoio da equipe da educação especial da Secretaria da Educação, para ajudar com o trabalho a duas crianças que tem necessidades educacionais especiais (NEE).

Esse ano o trabalho tem crescido no que resultou em um projeto de acessibilidade maior, práticas inclusivas dentro e fora da turma dessas crianças.

Foi elaborado um projeto e partindo disso, a coisa foi se desenvolvendo. O professor que pensou esse trabalho juntamente com a coordenadora é o Júlio lá do Especial.

A idéia foi de criar um espaço totalmente inclusivo na brinquedoteca, utilizando-se de rampas de acesso, cantos sensoriais, cantos para histórias contadas de diferentes formas, cantos de jogos, cantinho das fantasias, do faz de conta, plaquinhas de sinalização expostas em formas de desenhos, palavras escritas em Braile, Libras e no velho e bom Português...

Vejam as fotos:


os idealizadores
Fachada nova



Diretoria
A coordenadora disse que o produto final, não foi o mais importante e sim o processo como foi feito.

O fato é que com o desenvolvimento do projeto (para tirá-lo do papel e concretizá-lo) houve muito trabalho, muita discussão e muita pesquisa e o ganho nisso tudo é que as pessoas que trabalham na creche, funcionários, professores, membros da diretoria e as próprias crianças, passaram por momentos de aprendizagem de algo que eles nunca haviam parado pra pensar! Todos sempre comentando "puxa, que legal, existe isso?" "quero ir fazer curso de Braille, é demais!" Nossa vamos aprender libras para falar com a colega que precisa?" Sempre alguém trazendo um comentário positivo, em cima do que estava vendo.

Hoje com certeza a visão que essas pessoas tinham de inclusão, é outra, viram que não é tão difícil assim adaptar os ambientes, a forma de trabalhar...

Realmente é um trabalho significativo no meio da Educação Infantil.

Aqui, todos ganharam! As crianças com e sem NEE, os adultos, as famílias a comunidade... novos olhares, novos rumos....

A saber... o projeto para esse segundo semestre é fazer adequações arquitetônicas nas mais diferentes necessidades: rampas de acesso, alargamento das portas, diferentes formas de sinalização, mesas adaptadas, brinquedos, parque..conforme as orientações previstas na Lei 10098.

Com isso acontecerá mais reformas, mais melhorias... mais acessibilidade a todos.

Parabéns à toda equipe que se empenhou para a concretização desse projeto e ainda pela iniciativa e desejo de realizá-la!



A Instituição Beneficente Bom Samaritano fica no Jd. Bela Vista (Bauru) é uma Creche que atende 100 crianças dos 4 meses a 6 anos e é um orgão filantrópico vinculado à Primeira Igreja Presbiteriana de Bauru e Prefeitura Municipal -Secretária da Educação o telefone de lá é: 14 3222-6507 e-mail: crechebomsamaritano@yahoo.com.br

Realidade da Inclusão Escolar em Bauru hoje

por Regiane Montilha

Uma colega de trabalho que está fazendo pós em Educação Especial precisava entrevistar alguém que pudesse falar sobre a dificuldade do processo de inclusão escolar. Ela me solicitou e prontamente me pus a falar e escrever... (adoro). Como ela gostou muito, pediu que eu publicasse aqui.


Esse assunto é polêmico e não muito bem-vindo no meio dos professores de sala regular. Para os professores de Ed. Especial, já é um assunto batido.


O que é verdade é que a inclusão existe, JÁ É, é página virada, a discussão agora deve ser: O que vamos fazer com isso???


Resolvi postar porque sei que muitas pessoas (que podem estar lendo isso), pode não entender muito sobre essa nova política que estamos engolindo "goela abaixo" e todos nós, direta ou indiretamente estamos em contato com crianças que estudam em alguma escola e que podem ter alguma história pra contar sobre um amigo "diferente".


Será que são todos iguais?

Qual é a maior dificuldade no processo de inclusão escolar hoje?

A maior dificuldade encontrada hoje da inclusão de alunos com necessidades especiais das escolas regulares se encontra no fato de que o sistema de ensino não possui instrumentos que viabilizem um atendimento eficaz, por falta de vários fatores como: barreiras arquitetônicas, muitas escolas não possuem espaços adequados para a realização de atividades diferenciadas, não possuem acesso aos cadeirantes em todas as dependências da escola, não possuem informações escritas em Braile, para o auxílio com deficiência visual, não possui tecnologia assistivas que favorecem o desenvolvimento das habilidades dos alunos, bem como aprendizagem formal necessária para eles.

Há ainda falta de recursos humanos para trabalhar com essas pessoas que tem NEE. Faltam pessoas para acompanhar o aluno caso tenha dificuldades para se locomover, se alimentar, ter o controle de esfíncteres, realizar uma atividade de sala de aula... Faltam contratações de professores especialistas em deficiência auditiva, visual, intelectual, física, etc. Faltam professores qualificados para trabalhar com essas novas realidades.

Sabe-se que na formação para o magistério bem como os cursos de pedagogia não tinham na grade curricular disciplinas de Ensino especial, quem optava por trabalhar com essas pessoas fazia à parte a disciplina em questão.

Há pouco mais de cinco anos os cursos incluíram na grade curricular essa disciplina e os sistemas públicos municipais, estaduais, estão se abrindo para essa nova demanda, oferecendo cursos de formação aos professores da rede.

Existe pouco incentivo da parte do governo, mas existe!
Existem muitos professores que não gostam e não querem trabalhar com os deficientes;
Existem ainda muitos professores que querem, mas não sabem como fazer;
Existem aqueles que buscam informações, ajuda, fazem cursos...
Essa é a realidade da inclusão no ano de 2010. Falta de preparo, estrutura para atender a demanda, porém um dia tinha que começar. Se fossemos esperar ter tudo pronto, organizado e desejado, nunca haveria inclusão, com isso muitas crianças continuariam segregadas, discriminadas, inferiorizadas pela classe tão sublime “dita normal”.

Espero ter contribuído para uma visão vista por outro ângulo!
Beijos de fé!